terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A day with Don Francis (O valor de um obrigado)

No mundo de hoje temos que estar conectados o tempo todo. Ligo o computador. Coloco as chaves de acesso (é, até o computador é burocrático), abro meu correio eletrônico e vejo uma mensagem que tinha recebido no dia anterior. Paralisei... Depois de dez segundos parado frente a tela, liguei para uma amiga que se interessaria pela mensagem. Disquei. A espera para chamar parecia passar todo o tempo do mundo, assim como o culpado espera o golpe de misericórdia do carrasco. Até que toca... toca... toca... Ninguém atende, a não ser a secretária eletrônica. Não sou muito bom com telefones nem com secretárias, secretárias eletrônicas então... Deixei um recado numa fala misturada de efusividade com asma emocional atropelando as palavras, tempos verbais, pronomes, sujeitos e predicados. Dali algumas horas haveria pré-estréia com a presença do maior cineasta de todos os tempos: Francis Ford Coppola. Apesar do preço salgado, valia. Não é todo dia que se participa de uma pré-estréia e coquetel com o Coppola. Depois de meia hora a Cris Ferraz (minha amiga) me liga. Disse que viu o correio eletrônico e minha mensagem na secretária. Como ela morava a duas ruas do local do evento, comprometeu-se a comprar os convites, mas não conseguiu. Ligou de novo depois de alguns minutos dizendo que a leva dos convites ficara apenas dez minutos na bilheteria. Malditos internautas! Não desisti. Disse a ela que tentaria de qualquer maneira. O evento começaria 21 horas. Saí do outro lado da cidade às 19 horas (tempo de sobre se não fosse minha mobilidade reduzida, devido a muleta canadense que usava, isso sem falar no trânsito, na chuva...) e cheguei na casa da Cris faltando vinte minutos para o evento. Coloquei a roupa apropriada para o evento – cedida pelo meu grande amigo e pai da Cris Dom Ávila – e fomos. Ao chegar lá quase desanimei. Havia uma fila de espera enorme, mas ao falar com a hostess e aguardar quinze minutos ela nos deixou entrar com uma condição: não pagaríamos, mas sentaríamos no chão. Ao entrar na sala com o filme já começado, logo na primeira fila uma cadeira brilhava e acenava para mim. Sentei-me e perguntei a senhora ao meu lado o tempo do filme; “Acabou de começar” fora a sua resposta. Depois de um maravilhoso filme, fomos para o coquetel. Ao longe vejo aquele que fez com que eu me apaixonasse pela sétima arte. Tive borboletas no estômago. Não tive coragem de falar com ele. Fiquei como aquele menino colegial apaixonado pela menina mais bonita do colégio que todos também o são. Tomei um espumante, andei, parei. Tomei outro espumante, sentei, levantei. Impelido pela Cris, fomos pegar a fila para falar com ele. De repente, vemos um senhor muito distinto e discreto vindo em nossa direção: era ele. Com máquina em mãos, preparei para a foto e o chamei “Don Francis!” no mesmo momento, em meio ao alvoroço de autógrafos e fotos ele me olhou. Tirei algumas fotos, todas ruins, até que olhei para ele e disse: “Man, I study cinema because of you!” pedi para tirar outra foto e ele apenas disse: Thank you! Foi o maior e melhor obrigado que ouvi em toda minha vida.