Dias atrás, ao ser perguntado pelos alunos sobre o estilo de música que gostava, respondi que era eclético.
Claro que sempre tem aquel@ alun@ que quer questionar tudo e pergunta: "O sr. gosta de tudo? Gosta de pagode? Gosta de sertanejo?" - el@ sabia que não. "Então não pode ser eclético!"
Dar aulas de Filosofia no Ensino Médio, sobretudo na rede pública, é dialogar diariamente com o senso comum ou com as definições mais rebaixadas de algum termo ou conceito. Existe uma definição - já apropriada por todos - que ser eclético é gostar de tudo, entretanto existe também a definição que é a de "gostar de coisas diferentes; experimentar de tudo".
Se formos mais a fundo - geralmente o intuito da Filosofia -, o eclético na Filosofia é você ter liberdade de escolha sobre aquilo que julga melhor, principalmente na política e nas artes. Portanto, junto as definições lexical e filosófica, isto é, experimento de tudo (nas artes, pois politicamente não sou eclético) e depois escolho aquilo que julgo melhor.
Mas por que escrevo sobre "o ser eclético"?
Ontem, percebi que conheço duas músicas totalmente distintas de estilo com o mesmo nome: On the other side.
Uma é do The Strokes e a outra do The Gladiators. Sendo a primeira um rock britânico e a segunda um reggae.
Além dos estilos diferentes, as músicas têm temáticas diferentes falando da mesma coisa. O reggae como sabemos não é uma música daquela galera que usa dreadlocks e só fala sobre a descriminalização ou naturalização do uso da cannabis sativa; é uma música que fala sobre igualdade social, utiliza termos bíblicos e fala sobre o amor. Já o rock também fala sobre os mesmos temas - de maneira diferente.
Nessas duas músicas particularmente, Casablancas e Fearon querem dizer a mesma coisa! Entretanto enquanto Fearon quer ir para o outro lado da montanha (utiliza uma metáfora bíblica), Casablancas quer ir para o outro lado da consciência.
Fearon diz que para ir para o outro lado você precisa estar com a mão e o coração limpos e Casablancas diz que está cansado de ser "julgador" ou "crítico" de tudo que vê e que sua mente é tão cega quanto uma árvore, isto é, quer esvaziar a mente.
Sendo eclético, percebi que precisamos, então, estar não só com o coração, mas também com a mente limpa para atingir o "outro lado".
Agora esse outro lado você que deve escolher, se será o melhor ou pior lado, pois tanto da montanha como da vida há tanto o lado espinhoso e inóspito quanto o vale e o campo verdejante.