sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A vida II

Este texto foi escrito a muito (dez/2008), porém só agora o revisei e coloco-o aqui. Falar da vida, muita vez não é fácil, pelo menos não da nossa. Talvez, por isso, esteja na moda falar da vida alheia. Mas quem cria um blog o faz para falar de si, do mundo, da vida, então vamos lá, não é? Na última conversa com meu diretor, chegamos à conclusão que sou suscetível ao “jogo da sedução”. Como ele me disse “às vezes nem para ganhar ou perder, mas só por jogar”. A princípio achei meio estranho, mas depois comecei a pensar “É verdade, sou mesmo!” Então comecei a imaginar... Todos nós somos! A sedução está em todos os momentos da nossa vida. O problema é: Quando nos rendemos a ela. A ela ou a elas? A sedução, apesar de ser uma palavra num estrito sentido (geralmente correlacionada ao sexual), nos aparece de diversas formas. O homem (lê-se raça humana) é néscio por ignorar sua própria existência. Quer de qualquer maneira competir com o outro, quer ser melhor, quer, como dizia Nietzsche, por causa do ciúme e da inveja, “aparecer”. Mas não somos feitos para isso. Aqui já aparecem duas seduções: o ciúme e a inveja. Se olharmos no “Michaelis” o significado de ciúme está ligado diretamente a “competição no amor”, mas se Deus é “O Amor”, como pode haver competição n’Ele? A inveja segundo o “Houaiss” é o “lançar mal olhado a outrem”. Contudo, se somos cristãos, como fazemos isso, quando na verdade deveríamos ter desprendimento? Aliás, vemos diariamente nos noticiários a que conseqüências podem chegar o homem por causa desses sentimentos. Disse que somos constantemente seduzidos, pois somos mesmo! Somos seduzidos a manter nossa mente parada e não elaborar nada (coisa que os dignitários das nações amam! – tanto que não façamos como o “não fazer”), somos seduzidos a comer mais do que precisamos, a descansar mais do que necessitamos, enfim somos sempre seduzidos... A questão de ser seduzido é praxe para nós e sabemos disso, aliás, muita vez fingimos não saber e achamos que é conquista nossa algo que fazemos, mas na verdade nossa maior conquista foi lutar contra essa sedução a inércia, ao relaxamento, etc. Aqui entra o que eu falei sobre o “jogo da sedução”, às vezes nem para ganhar ou perder, só por jogar. O problema é que essa sedução muitas vezes é muito mais forte que nós! Quem nunca falou “vou dormir mais dez minutinhos” e acaba por dormir mais uma “horinha”? Quem, ao ver uma sobremesa super deliciosa e igualmente calórica, nunca falou “ah só mais um pedacinho” e comeu quase a sobremesa inteira? Muitas vezes preferimos nos narcotizar frente à Televisão (o maior ópio do mundo), ao invés de ler um livro. Quantas vezes por mês pegamos o Livro dos Livros para ler? Pelo hedonismo seguimos outra religião, a da academia. Quantas pessoas você conhece que não acorda cedo para ir à missa, mas o faz para ir à academia ou correr? Só pensamos em nós mesmos e não somos mais próximos dos nossos próximos. O egoísmo não nos deixa enxergar quantos Cristos estão a nossa volta, seja Ele no pobre, nos pequeninos, no encarcerado, no que sente fome e sede e, nem sequer olhamos nos olhos deles e dizemos um simples “oi, tudo bem com o senhor?”? É lógico que tudo isso tem lá o seu atrativo, como dizia Santo Agostinho “o poder de dominar e comandar tem sua sedução” Então, sigamos o doutor que renunciou a todas as seduções para tornar ao Senhor: “Ouve, Senhor, a minha prece, (...) em confessar os atos de misericórdia que me arrancaram de péssimos caminhos; para que sejas, para mim, mais atraente do que todas as seduções que eu seguia, e assim eu te ame imensamente e te segure a mão com todas as forças de minha alma, e me livres de toda a tentação até o fim.” (Santo Agostinho, Confissões) E façamos tudo isso de coração aberto para que passemos pela porta estreita e não ouvir do Senhor: “Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!” Arlley Parreira 12/2008

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