segunda-feira, 18 de abril de 2011

Entre a Coroa e o Vampiro

Hoje fui ao Espetáculo – assim mesmo com letra maiúscula – da Cia Antropofágica na sede deles na Barra Funda.
O Espetáculo me deixou com uma espécie de movimento interior que a princípio pensei ser a catarse, mas acho que não. Foi muito maior. O Espetáculo te prega várias “peças” (literalmente). No prólogo você acredita que ele vai para um lado, daí você vai para o Espetáculo propriamente dito e desde já começa a emocionar-se, emoção que é quebrada no momento em que vê um movimento de atores que indica uma coisa, mas na verdade prega-lhe a primeira (de muitas) peça.
Conduzido com atuações soberbas a peça faz um apanhado histórico e comenta o tema pretendido – O Império – com altivez e atualidade.
Pode ser que o espectador mais conservador pense em achar que o tema não foi esclarecido e que não se falou tanto do que se deveria falar, mas foi falado sim, é só prestar atenção! Aliás, existe um momento que o diretor até explica isso que eu não vou, é claro, contar quando.
Tudo é perfeito! Produção, atuação e música. Essa última sendo 95% ao vivo. Quanto às atuações nem preciso repetir e a produção muito cuidadosa, abrindo as coxias em quase todos os momentos e víamos e acompanhávamos o processo de produção, criação e o desenrolar da peça.
Senti-me sem o muro e sem o abismo que Benjamin fala que o teatro de Brecht não tinha. Por isso talvez senti-me tão dentro da peça e a peça (refiro-me ao Espetáculo) tão dentro de mim. Talvez também por falarem de uma atualidade tão latente e que sempre esteve e quiçá sempre estará nos nossos dias, exceto que haja uma mudança de baixo para cima da sociedade: Viva la Revolución!
PS: No Espetáculo – seguindo o estilo multimedia do teatro vinteuneano – há um momento para os cinéfilos em que quase caí de tanto rir, um plus! Definindo em uma palavra: SENSACIONAL!
Vejam vocês
A escória nos cercou
Temos nossa decisão
Nossos braços cruzados
Suas máquinas paradas
Nenhum acordo com patrão

2 comentários:

TBD disse...

Como eu disse pelo Facebook, essa peça nos dá um ânimo revolucionário indescritível.

Quando a conjuntura nos leva ao desânimo e desesperança, precisamos desses impulsos para mantermo-nos na luta e poder impulsionar outros saltos de consciência.

Abraço;

Bruno Mello Castanho disse...

Belo post Arlley!